O cuidado com a verdade e o gosto pela boa comunicação foram o princípio. Eu sentia prazer em transmitir mensagens claras e fieis à realidade; ser um mediador confiável com mínimo ruído e boa síntese. Para mim, o conteúdo era o principal e a mensagem teria que acrescentar conhecimento, ser útil. Armei a vela para pegar esse vento. Grande engano. Quando descobri que a essência está na forma, na fluidez e na beleza o meu pequeno barco foi arrastado para águas desconhecidas. As tintas e o olhar importam mais do que a paisagem. Sei agora que a minha interferência e a minha miopia são o mais interessante a contar. Os rastros são nossa assinatura, os sinais que estivemos aqui e a única maneira de ser autoral. Escrever me ensinou a ler. Experimentar a solidão da tela em branco me fez admirar Pessoas, Cecílias, Hildas e Quintanas, mas também despertou a minha inveja em prosa e verso. Milhares de frases, m...
oh! gigante misterioso não conhecerei todos teus segredos tens o poder e a fúria dos deuses tens a simplicidade do Deus único a eternidade ensina-me a lidar com os ciclos com a Lua e o magnetismo oh! universo submerso mostra-me que o acaso não importa revela-me a tua humildade que também você segue leis e sabe ser pequeno d á-me a coragem dos navegadores afasta as minhas tormentas oh! imenso deserto de sal fonte preciosa de ar e vida tantos morreram de sede em tuas águas muitos ainda viverão do teu sopro ajuda-me a aceitar o vazio dá-me a calma dos pescadores cura-me da ambição de ser eterno 01/04/2020 Imagem: Antonis Titakis, 1974 ...
o apartamento foi imantado por sorrisos sustos e natais os objetos absorveram tudo imóveis e calados trago um deles comigo vidro obeso azul marinho berço de cinzas invisíveis relíquia das brasas que me forjaram ele tem fragrâncias de afetos de um corredor de teto baixo e árvores secas emolduradas por cobogós e persianas tortas é um oráculo faminto que me vigia protege e interroga: Quem é você agora?
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