Por quê?
O cuidado com a verdade e o gosto pela boa comunicação foram o princípio. Eu sentia prazer em transmitir mensagens claras e fieis à realidade; ser um mediador confiável com mínimo ruído e boa síntese. Para mim, o conteúdo era o principal e a mensagem teria que acrescentar conhecimento, ser útil. Armei a vela para pegar esse vento.
Grande engano. Quando descobri que a essência está na forma, na fluidez e na beleza o meu pequeno barco foi arrastado para águas desconhecidas. As tintas e o olhar importam mais do que a paisagem. Sei agora que a minha interferência e a minha miopia são o mais interessante a contar. Os rastros são nossa assinatura, os sinais que estivemos aqui e a única maneira de ser autoral.
Escrever me ensinou a ler. Experimentar a solidão da tela em branco me fez admirar Pessoas, Cecílias, Hildas e Quintanas, mas também despertou a minha inveja em prosa e verso. Milhares de frases, metáforas e ideias que me pertenciam já estavam publicadas.
Não há como escrever somente por vaidade. O orgulho é massacrado logo pela manhã, ao relermos aquele texto que foi dormir príncipe e acordou um sapo que beijo nenhum é capaz de encantar novamente.
Deixar o legado do que pude enxergar no meu tempo, na esperança de renascer sempre que for lido, é uma ambição ingênua. A garrafa com o meu pergaminho nunca será encontrada. São infinitas as cápsulas do tempo acumuladas na nuvem.
Por que escrever então? Se a vaidade não sacia, a inveja envenena e o registro se perde. Pergunta boa.
A resposta está no esforço para alterar a percepção do cotidiano, registrar ideias e ir lapidando o papel até encontrar a mais bela forma de contar a estória. Essa tarefa provoca uma imersão no desconhecido. O texto é vivo, caminha pelas próprias pernas e nos mostra parte do que somos.
Escrevo para mim, portanto. Gosto de dirigir nessa trilha de mão dupla. O que se derrama no papel revela o que está dentro e justifica as horas em busca das palavras certas. Elas falam de mim, revelam segredos, tratam angústias...podem até curar.
O blog começou bem! A primeira crônica está ótima! Então, fique sabendo que doravante você escreverá para você, o que é ótimo, e também para todos nós que apreciamos um bom texto!
ResponderExcluirEstá combinado, meu amigo querido. Muito obrigado pelo carinho e pelo incentivo.
ExcluirTexto de mão leve, apurada. Mas não, Moisés, você não escreverá só para si, senão para uma irmandade que terá gosto em acompanhar os seus passos na trilha do texto. Como todo escriba, há de nos oferecer com generosidade os seus melhores pensamentos. Que mais podemos querer? Só nos cabe agradecer.
ResponderExcluirEu que te agradeço Paulo. Você me inspira de muitas maneiras. Não consigo tirar o seu livro, o Esmo, da minha mesa de cabeceira.
ExcluirMoi, você é meu poeta preferido.
ResponderExcluirCarlin, você é uma poesia ambulante.
ExcluirEncontrei a garrafa. Agarrei o pergaminho. Agora também me pertence. Sinto muito ;)
ResponderExcluir(Isso tudo pra dizer que celebro o blog e agradeço a busca incessante pelas melhores palavras)
Obrigado, Louise! Tudo aqui é seu mesmo. Somos sócios, lembra?
Excluir... vem com vontade própria: aí só resta escrever para a vontade... A vontade que me tem para escrever.
ResponderExcluirEntendi!
Parabéns!
O texto é vivo.
ExcluirEscrita forte,com marcas de sabedoria .
ResponderExcluirContinue a procurar as palavras. Vai encontrá-las e misturar- se a elas.
Escrever me ensinou a ler. Experimentar a solidão da tela em branco me fez admirar Pessoas, Hildas e Quintanas, mas também despertou a minha inveja em prosa e verso. Milhares de frases, metáforas e ideias que deviam ser minhas já estavam publicadas.
ResponderExcluirEscrever é sina e lição de humildade!
Adorei, Moisés!
Escrever.
ResponderExcluir“...Esta tarefa provoca uma imersão no desconhecido “
Excelente!
Venha para esta tarefa , meu amigo. Está na hora. Você não tem como se arrepender.
ExcluirOlha aí o resultado...
ResponderExcluirParabéns, querido Moisés. O blog já é um sucesso!
Tudo culpa sua.
ExcluirParabéns grande amigo Moisés, é maravilhoso viver na seara da escrita, pois possibilita, facilita e contribui para estarmos acesos na cabeça, no vigor do cérebro. Depois de escrever ver, corrigir, ler e admirar com ânimo o feito. Uma benção!
ResponderExcluirObrigado, Marelson. Finalmente concordamos em alguma coisa.
ExcluirLindo texto!
ResponderExcluirObrigado, meu filho.
ExcluirAchei a garrafa! Texto maravilhoso! E
ResponderExcluirComo fluem bem as suas palavras! Parabéns, meu amigo Moisés! Quero mais!
Obrigado, minha amiga.
ExcluirEsta é uma parte do seu legado, amigo, registrada para sempre (Amém, ou, que assim seja!). Para além de nossos filhos e nosso trabalho, ter a coragem de compartilhar nossas vulnerabilidades é o gesto maior de desprendimento e de nossa vontade de deixar nossa marca no mundo, de alguma forma. Abraço forte!
ResponderExcluirVerdade, Rômulo. Escrever, fotografar, tocar um instrumento são formas de mostrar valentia nessa fase da vida. Muito obrigado, meu amigo.
ExcluirComo me sonegou isso por tanto tempo ???
ResponderExcluirAinda dá tempo.
ExcluirLindo texto Moisés... interessante que apesar dos desvios da motivação salta-se a fidelidade ao princípio original do cuidado com verdade! forte ab Leopard
ExcluirObrigado, Leo.
ExcluirSe eu fosse escrever um livro teria que pedir que você me emprestasse esse texto como introdução…
ResponderExcluirChristina
ResponderExcluirTá emprestado, Christina. Pode começar a escrever.
Excluir
ResponderExcluirParabéns valoroso amigo, texto para muitos aplausos. Já sei quem será o prefaciador de minha mais nova criação poética.
Será uma honra.
ExcluirBonito texto. Interessante as lições com a vaidade.
ResponderExcluir