Do erótico

                                    


                   

              Uma releitura de Hilda Hilst


Temendo os teus limites?

Por que não deixas o fogo onividente

Lamber o corpo e a escrita?

Se eu disser que vi um pássaro

Sobre o teu sexo, deverias crer

E se não for verdade

Em nada mudará o Universo.

 

Queres voar? 

Queres trocar o moroso das pernas pela magia das penas

E planar coruscante acima da demência?

Se eu disser que o desejo é Eternidade

Porque o instante arde interminável

Deverias crer

E se não for verdade

Tantos o disseram que talvez possa ser.

 

As maçãs comi-as como quem namora.

Tocando longamente a pele nua

Depois mordi a carne

Não percebes que aquele que se esconde

E que tu sonhas homem, quer ouvir o teu grito?

E o grito tem a cor do sangue daquele que se esconde?

Vive o carmim. A ferida.

E terás um vestígio do Homem na tua estrada.

 

Esquece texto e sabença.

As cadeias do gozo.

E labaredas do intenso te farão o voo.

Toco-te a boca como quem precisa

Sustentar o fogo para a própria vida.

E úmido de cio, de inocência,

É à saudade de mim que me condenas.





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