Cinzas acesas
por sorrisos sustos e natais
os objetos absorveram tudo
imóveis e calados
trago um deles comigo
vidro obeso azul marinho
berço de cinzas invisíveis
relíquia das brasas que me forjaram
ele tem fragrâncias de afetos
de um corredor de teto baixo
e árvores secas emolduradas
por cobogós e persianas tortas
é um oráculo faminto
que me vigia protege
e interroga:
Quem é você agora?
Linda foto, belo poema! Gostei muito de "vidro obeso azul marinho"! A ideia de que os objetos absorvem é muito interessante e "serve demais para a poesia", como dizia Manoel de Barros. Parabéns outra vez, Moisés.
ResponderExcluirObrigado, André. Escrever poemas é um jeito de encontrar a verdade.
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