Cinzas acesas

 



o apartamento foi imantado 
por sorrisos sustos e natais
os objetos absorveram tudo
imóveis e calados

trago um deles comigo
vidro obeso azul marinho
berço de cinzas invisíveis
relíquia das brasas que me forjaram

ele tem fragrâncias de afetos
de um corredor de teto baixo 
e árvores secas emolduradas
por cobogós e persianas tortas

é um oráculo faminto 
que me vigia protege
e interroga:
Quem é você agora?
                                           
                                                   

 

Comentários

  1. Linda foto, belo poema! Gostei muito de "vidro obeso azul marinho"! A ideia de que os objetos absorvem é muito interessante e "serve demais para a poesia", como dizia Manoel de Barros. Parabéns outra vez, Moisés.

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    Respostas
    1. Obrigado, André. Escrever poemas é um jeito de encontrar a verdade.

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