O espetáculo

 


Cabem nos dedos de uma só mão as minhas vezes em um circo. 
Uma dimensão paralela ressurge quando passo por baixo da lona. 
É como se eu assistisse à continuação do mesmo show.
       O ritual se repete com novidades que eu não deixo acontecer. Procuro sempre por roupas puídas, fios elétricos expostos, trombetas, microfonia e frágeis redes de proteção.
       Quero ver a melancolia do palhaço, as cambalhotas dos anões na serragem, o cheiro de óleo queimado girando no globo da morte e o alívio do trapezista ao encontrar os braços do filho.
       Invejo a itinerância, a coragem de não ter endereço e a
a pintura tatuada na alma do artista.
       O espetáculo também me assiste: vê a criança, o namorado e o pai que aprendi a ser, mas ele sabe 
quem está por trás das máscaras.

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