Rainer Maria Rilke 1875-1926



Uma única coisa é necessária: a solidão. A grande solidão interior. Ir dentro de si e não encontrar ninguém durante horas, é a isso que é preciso chegar. Estar só, como a criança está só.

O destino não vem do exterior para o homem, ele emerge do próprio homem.


Pois o que nos toca, a ti e a mim,

isso nos une, como um arco de violino

que de duas cordas solta uma só nota.

A que instrumento estamos atados?

E que violinista nos tem em suas mãos?

Oh, doce canção.



As coisas estão longe de ser todas tão tangíveis e dizíveis quanto se nos pretenderia fazer crer; a maior parte dos acontecimentos é inexprimível e ocorre num espaço em que nenhuma palavra nunca pisou.


Tira-me a luz dos olhos - continuarei a ver-te

Tapa-me os ouvidos - continuarei a ouvir-te

E, mesmo sem pés, posso caminhar para ti

E, mesmo sem boca, posso chamar por ti.

Arranca-me os braços e tocar-te-ei com o meu coração como se fora com as mãos...

Despedaça-me o coração - e o meu cérebro baterá

E, mesmo que faças do meu cérebro uma fogueira,

Continuarei a trazer-te no meu sangue...



Talvez todos os dragões nas nossas vidas são princesas que estão apenas à espera de nos ver agir, apenas uma vez, com beleza e coragem. Talvez tudo aquilo que nos assusta é, na sua essência mais profunda, algo desamparado que quer o nosso amor.

O amor é a ocasião única de amadurecer, de tomar forma, de nos tornarmos um mundo para o ser amado. É uma alta exigência, uma ambição sem limites, que faz daquele que ama um eleito solicitado pelos mais vastos horizontes.

Se meus demônios me abandonarem, temo que meus anjos desapareçam também.


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